sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dos minêro e das mineridade

    O sujeito sê minêro num é um causo de nascença, que nem o povo fala por aí. É muito mais um causo de charme que só nóis minêro sabemo tê, e que num é uma coisa das que se aprende, não. Afinar é só nóis que temo esse jeitin bunito de falá, que parece que nóis é tudo caipira e num dexa percebê que nóis é istudado. Pruque nóis minêro num gostamo de plural, ocê já deve de tê notado. Plural é trem muito dos bão só nos pronome. Nos substantivo e nos adjetivo num carece de pô plural não, que aí já fica seno disperdício de S. Otra coisa que nóis minêro gostamo de economizá nas palavra é o D dos gerúndio. Trem mais besta esse negócio, pois se até escreveno dá pra economizá o tal do danado. E nóis dispensa ele falano, escreveno e até pensano. Trem de doido esse negócio, uai.
    Aliás tem uns mito sobre o jeito dos minêro falá que é bão que nóis disbancá de uma veiz. Por exemplo, dizem que nóis termina as frase tudo com uai! Mas que mentira mais dislavada, sô. Nóis usa também o sô, uai. Os paulista fica tudo tentando imitá o uai nosso, mas num é só saí por aí botano uai nas frase que vai fazê ocê falá bunito que nem nóis. Tem o resto todo que já expliquei, tem que tirá o r dos final dos verbo, e mais um monte de coisa.
    Mas o trem bão mesmo de sê minêro assim que nem eu é sabé que cê pode falá, falá e falá, mas consegue se intendê só com umas pouca palavra. E que pra todos os momento vai tê café fresco, queijo, broa de fubá, pão de queijo e frango com quiabo. Isso sem falá no feijão tropêro e na côve cortada bem fininha, tudo com uma talagada da pinga da roça pra abri o apetite.
    Pra incurtá o assunto, minêro tem certeza que Beozonte é um dos milhor lugar do mundo, só perdeno pro Ridijanero e pra Guarapari, mesmo assim purque esses dois tem praia. Com vantagem pra Guarapari, que alem de praia também tem muito minêro, aí nóis se sente mais a vontade.

sábado, 13 de outubro de 2012

Conversa fiada a respeito do clima

Ao sol se segue o calor, depois o vento e a chuva para então um dia frio seguido novamente pelo sol e um pouco de calor. O clima parece nos lembrar que se não mais inverno, ainda não verão. Simplesmente primavera, com todos os seus achaques de indecisão. Simplesmente linda, como toda primavera (e toda prima Vera) deve ser.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Divagações sobre estresses e cervejas



    O melhor remédio pra tirar o estresse é cerveja. Final do dia, o sujeito chega em casa cansado, suado e desanimado. Nesse momento o ato de saborear uma geladinha sossegado resolve grande parte de seus problemas ou pelo menos faz com que eles esperem do lado de fora da porta por um tempo. Ajuda também fazendo com que algumas tarefas domésticas como lavar louça e fazer faxina fiquem mais prazerosas e de menor duração. Verdade seja dita, a não moderação pode causar também uma queda na qualidade destes serviços. Problema menor se comparado aos benefícios.
    Pois bem, precisando eliminar este estresse de final de dia e de semana, fui fazer uma visita ao supermercado. Comprinhas bobas, nada de graúdo. Só umas coisas que estavam faltando na despensa e na geladeira, entre elas a dita cerveja. Ao ver os preços fiquei ainda mais estressado. Meu salário sofreu (sofrer é o melhor adjetivo pra isso...) reajuste de 6% este ano, já os preços do supermercado tiveram aumento bem maior no último mês. Fica difícil acompanhar desse jeito. Quando vi o preço da cerveja quase caí de costas. Não pago esse preço nem bêbado, pensei. Gôndola vai, carrinho vem, acabei pegando uma Stela de uma geladeira e abri ali mesmo, afinal de contas a situação já estava ficando crítica. Pouco depois mais uma. Não fiquei bêbado, acho, mas acabei comprando uma caixa. Não de Stela, que é cara pra caramba. De outra de gosto e preço palatáveis.
    Vou propor ao governo a criação de mais uma "bolsa" para os planos sociais. Já existe bolsa família, vale gás, bolsa um monte de coisa, então que se cria a bolsa cerveja. E como o estresse, doença moderna e de difícil diagnóstico, é um dos males que abalam a saúde pública e causam despesas aos SUS e à Previdência, nada como uma bolsa ou vale cerveja para ajudar aos necessitados, de maneira preventiva. Pelo menos essa o pessoal não precisaria trocar por cachaça...
    Brincadeiras à parte, pra gente que como eu mora no litoral, a pré temporada de verão começa um suplício de ir às compras. Supermercados cheios, preços galopantes e uma completa falta de respeito ao consumidor. Os turistas ainda nem apareceram direito e as remarcações já começaram. Não quero nem ver quando dezembro chegar e o trânsito parar no caminho pra Porto Belo e Bombinhas. Não dá nem pra se estressar mais com isso...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Comentários mal humorados a respeito da civilidade ou sobre a falta dela

    Ai que saudades do funk, que os pseudo playboys passavam tocando no chevete no último volume. Nunca imaginei que algum dia eu diria isso, mas é a expressão da mais pura verdade. Porque em tempos de eleições só o que se ouve são os malditos carros a cada três minutos apregoando "vote no 13", "vote no 15", "vote no 24". É isso mesmo, as malditas musiquinhas das candidaturas. Porque nos últimos dias o pessoal desistiu até mesmo de falar o nome dos concorrentes, o negócio é fazer lavagem cerebral no pobre do eleitor e fixar um número na sua cabeça. E o pior é que chato gruda. Vira e mexe eu me pego cantarolando uma musiquinha dessas.
    Quando começou já era incômodo. Um vizinho ligou o som do carro na garagem e botou a propaganda de uma candidata qualquer a vereança daqui da cidade e deixou a manhã toda tocando aquela coisa. Comecei a achar bacana a música gospel que ele ouvia antes, nas mesmas circunstâncias. Michel Teló, pagode, funk, gospel e todos os estilos que nunca gostei, mas sempre tolerei sem reclamar, viraram musiquinha de ninar. O respeito ao ouvido alheio e ao sossego são coisa do passado. O pessoal não abaixa o volume nem mesmo na frente do hospital, e eu trabalho praticamente em frente a ele.
    Não que tenha nada contra algum destes gêneros musicais que citei acima, ou a qualquer outro. Só não gosto mesmo e isso é bastante pessoal. O problema vai mais por outro lado. Por aqui, quando o sujeito vai pra praia ou coisa que o valha e põe música um pouco alta no carro está sujeito a levar multa. Outro dia um vizinho da minha sogra chamou a polícia porque, numa festa de aniversário de duas crianças tinha música alta. A sogra passa a vida inteira sem fazer barulho em casa, o dia que faz festa pras netas aparece um sujeitinho qualquer que não vou qualificar nem desqualificar, e acha ruim do barulho. Mas aí a gente tem que aguentar esses partidos sujos com seus candidatos desclassificados em todos os sentidos pra vir incomodar, e não tem polícia que nos proteja. Pelo contrário, eles protegem o carro de som do cara. Se eu ligar o som do meu carro na rua e ficar curtindo com meus amigos eles vão aparecer pra criar caso.
    Vivemos numa terra de ninguém, onde o povo merece o governo que tem. O pior de tudo é que seremos governados por um desses aí. Não tem opção. Votar nulo não resolve a situação, simplesmente não tem saída. O jeito é ir no oncologista e pegar remédio pra acabar com chato.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Recursos para a felicidade


Hoje eu estive pensando na felicidade e no quanto ela nos passa desapercebida. No meio de uma conversa me toquei de como esperamos sempre alguma coisa a mais na vida para sermos felizes. As pessoas sempre acham que é preciso ganhar mais dinheiro, ter um carro bonito e novo, uma casa bacana, um relacionamento maravilhoso e isento de problemas para ser feliz. Pouca gente se toca de que a felicidade sempre é possível com o que se tem.
Fui então questionado sobre acomodação. Alegou-se que o que eu estava pregando é que devemos nos conformar com o que temos e não buscar mais na vida. A ambição, desde que comedida, é vital na nossa vida e nos faz progredir. Faz o mundo girar. Mas como o comedimento é qualidade de poucos, o resultado é um mundo onde se tem cada vez mais e se aproveita cada vez menos. Aproveitar de maneira produtiva e saudável pro espírito. Aproveitar de modo a viver plenamente. Resumindo, ser feliz com o que se tem, mesmo que seja pouco.
Conheci na vida algumas pessoas que simplesmente se negavam à felicidade porque o dinheiro era pouco, porque havia contas em atraso, porque não sobrava pra fazer aquela viagem ou comprar aquela roupa. Mas continuava fazendo gastos desnecessários e absurdos e se endividando. E ficando mais infeliz, porque cada dia tinha menos recursos, apesar dos bens disponíveis em casa.
O mundo moderno nos faz acreditar nessas falácias. Sempre fez. Na idade média, como agora, os senhores feudais e os reis tinham dinheiro de sobra. Mas havia pouco com que gastar esse dinheiro. Vivia-se em castelos ou em casebres, mas ambos eram gelados. Sou capaz de apostar que o camponês do casebre vivia mais feliz na sua humildade, com sua família cansada mas unida.
Não quero de forma alguma pregar a acomodação e a preguiça como modo de vida. O acomodado não garante por si só uma vida satisfatória. O que tento dizer é que é sim possível ser feliz com pouco. É possível ser feliz com o que se tem, sem desistir de algo mais. Basta não fazer das metas financeiras um modo de vida, e aproveitar o que a vida nos dá de bandeja. O sol é grátis pra todo mundo. A chuva também é, só que bem mais rara.