quarta-feira, 31 de julho de 2013

Simplicidade

Voltar do trabalho a pé, pela praia, tem suas vantagens. A mais óbvia delas com certeza é o espetáculo, sempre repetido mas sempre diferente, do pôr do sol. Primeiro a água fica dourada, depois vai perdendo o brilho pras nuvens e pros trilhos de condensação dos jatos, que ficam uns dourados, outras avermelhadas. Graças à disposição geográfica privilegiada da praia de Porto Belo, que permite que enquanto o sol se põe atrás da montanha, se reflita na água e se permita admirar da praia.
Isso hoje. Amanhã tem mais. Sempre a mesma coisa. Sempre diferente. Privilégio para poucos. Privilégio para mim, que bato palmas, maravilhado como criança no circo. E para outros poucos que sabem olhar com o olho de criança e a ambição do simples.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Hoje, dia 08 de julho, é um dia muito importante para mim, que marcou uma mudança em minha vida. Exatamente a 6 anos eu desembarcava em Blumenau, carregado com minhas poucas coisas e muitos sentimentos. Me lembro que, na manhã da minha partida, li por acaso o meu horóscopo no jornal e lá dizia: "Hoje, dia 07/07/07 é o dia da grande mudança." Coincidência ou não, foi a mudança mais radical que fiz em minha vida. Pedi as contas de um emprego, que se não era o melhor do mundo, tinha seus atrativos e do qual eu gostava. Deixei para trás tudo que eu conhecia, como família, amigos, lugares, experiências. Deixei para trás minhas filhas. Deixei meus pais, sem saber se ia tê-los por muito tempo ainda. Embarquei na rodoviária de Belo Horizonte carregado de dúvidas, mas com algumas certezas. Eu precisava fazer alguma coisa pela mesmice da minha vida. Romper os cordões, ir além dos limites, arriscar. Quantos me disseram que era loucura? Quem me imaginaria feliz, morando a beira mar e com mais dúvidas ainda do que naquela fria noite de setes? Talvez ainda não realizado, talvez ainda devendo muito a mim mesmo, mas com um sentimento que as montanhas e a confusão urbana de Belô nunca conseguiram me dar, que é o de sossego.
Deixo vivas a meus pais, Seu Chiquinho e D. Jandira. Minhas saudosas filhas, Lorraine e Maria Luisa. Aos amigos que viram minha partida se concretizar, e aos que me acolheram e apoiaram como se de longa data me conhecessem.
Bom, se 07/07 marca um rompimento, uma grande mudança, 08/07 marca um reinício, óbvio. Óbvio também que viajei de ônibus, e que passei a noite e boa parte do dia seguinte olhando a paisagem passar pela janela. E que cheguei batendo o queixo de frio, porque cheguei num dos invernos mais rigorosos que já passei por aqui. Me estabeleci, tropecei muito, precisei de apoio, mas estou tocando a vida. Bela vida. Feliz vida. Feliz aniversário pra minha nova vida.

Ah, já ia me esquecendo. A culpa é do Samuel.