quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Aniversário do blog



                Aos navegantes e aos que são de Navegantes, aos passantes e aos amigos insistentes que ainda me leem, tenho o prazer de comunicar o primeiro aniversário do (E)Stroboscópio. A pouco mais de um ano comecei a ter as primeiras coceiras para escrever, me lembro bem, durante a banho enquanto pensava sei lá por que motivo em palavras estranhas da língua portuguesa. Bula de remédio quase. Alguns dias depois, após algumas publicações no LivroCara, resolvi criar o blog, com um nome provisório. De lá pra cá já deitei alguma palavra no meu papel virtual. Agradeço aos abnegados leitores. Hoje meu (E)Stroboscópio mostrou mais um flash.

Eles passarão, eu passarinho



                Estou morrendo de saudade e de vontade de retomar meus escritos. O problema é que idéias aparecem de monte, mas só quando estou longe de meu papel virtual. Ou não virtual, tanto faz. Estou aos poucos perdendo o costume de escrever à base de caneta e papel. E em casa sempre tem alguém desviando a atenção, por um motivo ou por outro. Não que queira pôr a culpa na família, só que pelo seu próprio conceito família é uma coisa que requer atenção.
                Voltando à vaca fria, sempre que estou caminhando pela praia, nos meus percursos casa-trabalho ou vice versa, começo a ter pensamentos que requerem papel, imediatamente. Já pensei em gravar, mas só consigo pensar linearmente quando escrevo. Às vezes tenho dúvidas até mesmo quanto a isso. E assim, tudo que me vem à cabeça no belo trajeto fica pelo meio do caminho.
                Confesso que é meio frustrante esse negócio, pensamentos passarinhos soltos por aí à procura de papel gaiola onde se prender, ou papel galho onde pousar pra repousar, e que se espantam e vão embora, sem arriscar a se aproximar do caos e correria da vida doméstica. Acho que tenho pensamentos selvagens, pensamentos bichos do mato ou pensamentos jacus de galocha, antissociais por natureza, que fogem do meu portão tão logo o veem.
                Onde, pensamento, onde andam os delírios sobre as ondas que sujam a areia num dia pra limpar no dia seguinte, onde o sol poente do retorno à casa, onde a manhã que te encheu de alegria e esperança num meio dia de gazeta, pra cortá-la com machado antes do meio da tarde? Onde anda isso tudo, que me povoou a cabeça e foi pousar em outro galho, pensamento passarinho que era? Não sei, talvez voando em direção sul, pelo inverno que ensaia terminar. 

PS: o título é um trecho de Poeminha do Contra, do genial Mário Quintana.