Graças
a uma conjuntivite estou sendo obrigado a passar uma semana em casa
acompanhando meu filho, o pequeno grande João. Uma doença besta,
que faz com que a criança não possa ir à escola para não
contagiar os colegas, mas não afeta sua capacidade de brincar e
continuar sendo elétrica e agitada, como toda criança saudável.
Não que exista alguma doença dessas comuns que seja capaz de deixar
o João quieto. Bem, deve existir mas eu já vi algumas que deixariam
outras crianças prostradas e que ao meu filho passaram incólumes
nesse quesito.
Hoje,
numa linda tarde primaveril, ao som de chilreados passarinhais, pude
acompanhá-lo no seu aprendizado de subir em árvore. E uma vez lá
em cima, me encantei com seu assombro ao ver tudo de um ângulo
diferente. É um aprendizado essencial a qualquer criança, e que
infelizmente está em baixa. Não existem mais quintais, não existem
mais árvores em quintais e raramente encontra-se uma criança que
tenha um quintal ou uma árvore à sua disposição.
Em
tempos de eleições proponho a todos os políticos de todos os
partidos uma lei revolucionária. Proponho que se torne obrigatório
que toda criança tenha a seu dispor uma árvore para subir. De
preferência frutífera. E com passarinho cantando por perto. E que
todas as tardes primaveris sejam ensolaradas e de clima agradável,
para que eu e o João, e outros pais e filhos, possamos nelas subir, aproveitar da sombra de suas folhas e dos balanços amarrados
nos seus galhos.