sábado, 26 de outubro de 2013

Pitangas



                A minha pitangueira carregou-se de frutos. A árvore da frente de minha casa, que o povo daqui diz que é um sombreiro e minha irmã diz que é uma castanheira, já se vestiu novamente, tal e qual mulher se arrumando pra sair. Devagar, bem devagar. Aliás, a tal árvore ganhou iluminação (feita com material reaproveitado, bem ecológica) e também a companhia de uma orquídea, presente do vizinho orquidófilo.
                Voltando à pitangueira, que pitangas maravilhosas. Nunca tinha provado assim tão doces. Minha lembrança de pitangas, de todas as pitangas que tinha provado desde a infância, sejam elas ganhadas, compradas ou roubadas em algum quintal ou pomar, eram de frutos bem azedos. Não que não goste, pelo contrário. Mas as pequeninas e doces que tenho no meu pomar-quintal privilegiado, são de matar o guarda.
                Diante da fartura, ontem enchi um pote com elas e levei pro trabalho. Mesmo tendo feito bastante sucesso, não foi o suficiente para esvaziar a vasilha. Resultado? Na correria da saída, esqueci o pote com os espólios pitanguísticos em cima da mesa. Só quero ver na segunda como vai estar aquilo...
                A vantagem de se ter um micro pomar em casa é esta: logo esgotar-se-ão as pitangas e começará a temporada dos araçás. Papa fina. Depois vem outra, no outono. A aroeira, mas essa não é pro meu bico, e sim dos passarinhos que aparecem por aqui pra encher a pança. Quem gosta é a gata de casa, delivery de passarinho.

Considerações capilares



De uns tempos pra cá o meu cabelo, que já caía bastante desde que entrei na idade adulta, resolveu cair de verdade. No final do banho já não me preocupo com pentelhos no sabonete, e sim com fios da cabeça mesmo. Independente de lavar a cabeça ou não.            
                Diante da constatação da minha mulher de que eu estou ficando careca, sugeri que eu devia raspar de vez a cabeça, e mantê-la assim. Talvez fazer uma tatuagem na careca, deve existir alguma que imite cabelo. E não é que a patroa ficou brava? Veio com uma conversa de que eu estou somente ficando velho e não sabendo lidar com isso.
                Pois bem, Dona Eliane, velho eu estou ficando desde que nasci. Tive realmente uma pequena crise de meia idade no dia que completei quarenta. Também não é pra menos, chegar em casa e descobrir uma festa surpresa pra comemorar a metade de sua vida pode ser realmente uma grande surpresa. Afinal é isso que os quarenta representam. Meia idade, meia vida. Não precisa ficar lembrando isso pro coitado do aniversariante. Aliás, vida esta que começa aos quarenta, já vou adiantando e confirmando aos recitadores de velhos ditados para velhos deitados.
                 Mas voltando ao cerne do assunto, velho eu estou ficando desde que nasci. No momento eu estou ficando mesmo é careca. Meu cabelo cai desde que eu era bem novo, mas nunca foi tanto. Nunca a ponto de insistir em entrar-me pela boca a cada vez que lavo a cabeleira, no justo momento do enxágue, enquanto a água com sabão desce pela cara.
                Não estou, portanto, sem saber lidar com meu envelhecimento. Este acontece a todo dia, e já constatei faz bastante tempo. Já aprendi a lidar com ele, e creio estar me saindo muito bem. Me considero em estado de conservação muito melhor que muita gente por ai que tive a oportunidade de ver o RG. A dificuldade está justamente em lidar com a queda capilar, que se acelerou muito nas últimas semanas. Para a velhice eu me preparo há pelo menos dez anos, já a calvície, mesmo que esperada, me assustou com sua aceleração repentina.
                Bom, reclamações à parte, tenho pelo menos um consolo. Dizem por aí que a queda capilar e a consequente calvície são causadas pela testosterona. Ou seja, ficar careca é coisa de macho.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Aniversário do blog



                Aos navegantes e aos que são de Navegantes, aos passantes e aos amigos insistentes que ainda me leem, tenho o prazer de comunicar o primeiro aniversário do (E)Stroboscópio. A pouco mais de um ano comecei a ter as primeiras coceiras para escrever, me lembro bem, durante a banho enquanto pensava sei lá por que motivo em palavras estranhas da língua portuguesa. Bula de remédio quase. Alguns dias depois, após algumas publicações no LivroCara, resolvi criar o blog, com um nome provisório. De lá pra cá já deitei alguma palavra no meu papel virtual. Agradeço aos abnegados leitores. Hoje meu (E)Stroboscópio mostrou mais um flash.