Faz algum
tempo eu descobri que gosto de escrever. Adorei a ideia, pus meu papel virtual
para trabalhar a toda, criei um blogue e disparei alguns ensaios e rascunhos de
crônicas internet afora, à procura de espaço e leitores para minhas palavras.
Fez bem pra minha cabeça e pro meu ego.
Acontece
que, de uns tempos pra cá, aquele ímpeto inicial se desfez e o (E)Stroboscópio
já não produz seus flashes. Sim, o blogue tem esse nome porque sempre procurei
escrever sobre pequenos apanhados do dia a dia, sem compromisso, e a princípio,
sem correlação uns com os outros. Um dos problemas é que me acostumei a
escrever sempre no computador, onde me sinto confortável, mas ele não me
acompanha durante o dia. Justamente quando tenho meus momentos de inspiração.
Tal
fato inclusive me lembrou um cronista que li muito na juventude, se não me
engano o Roberto Drummond, mineiro radicado no Rio. Em uma de suas crônicas ele
diz que suas caminhadas à beira mar são fonte de inspiração, só que basta
chegar em casa que a mente fica limpa novamente e as ideias não são postas no
papel. Chega a pensar em carregar a máquina de escrever pendurada ao pescoço
durante suas caminhadas.
Digo
isso não para me comparar ao cronista, mas para dizer que sofro do mesmo mal. Os tempos são outros, já não se usa mais a máquina de escrever, até mesmo o
computador já não se usa tanto. Mas não sou adepto do tablet nem do smartphone,
não me adaptei bem com esse negócio de ficar esfregando os dedos. Já tentei
gravar no celular o que me vinha na mente, ao invés de digitar no computador,
como faço normalmente. Mas o negócio me pareceu bastante estranho no momento em
que resolvi fazer a primeira mudança. Digitando basta apagar um trecho e
escrever de novo, já ditando ao gravador fica bem esquisito.
De tanto que me acostumei a escrever no meu chamado
papel virtual já sinto uma dificuldade estranha em manuscrever. Fiquei tanto
tempo afastado do par papel-caneta que desaprendi, perdi completamente a
prática, dói-me a mão e acabo produzindo um apanhado de rabiscos, na vã
tentativa de editar o texto no mesmo momento em que o produzo.
Mas
tudo se resolve. Ainda pretendo prosseguir com meus flashes. Princípios de
textos e temas de crônicas eu tenho aos montes, guardados todos na mente. O que
atrapalha é que os meus compartimentos mentais são tão ou mais bagunçadas que
minha gaveta de meias. Dá uma preguiça de arrumar...
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