domingo, 19 de maio de 2013

Divagações sobre folhas e filhos II

    Faz um tempo, e umas crônicas, que comentei aqui sobre a árvore na frente da minha casa. Relendo o texto hoje, e observando a mesma árvore, resolvi voltar à carga. Isso porque moro numa região que tem as quatro estações mais ou menos definidas, sendo que já estamos no outono e a dita árvore mal começou a soltar suas folhas.
    Pra quem não leu a crônica original, que saiba que a tal árvore chega no inverno completamente despojada de folhas e frutos. Estamos no outono e passei um tempo bem grande juntando o que caiu dela e que, pra ajudar, o vento espalhou. As folhas eram tantas, mas tantas, que dificultavam encontrar a sujeira de minhas cachorras que tenho também que limpar do quintal.
    Em certo ponto do trabalho eu olhei pra cima, e me toquei de que ainda terei que juntar, com espeto e rastelo, cada folha e cada semente que ainda se penduram nos seus galhos. E isso tudo até o inverno, que já nos acena da curva. Uma por uma. Fico tentado a me pôr mal humorado e a reclamar da vida. Mas meu papel virtual não me permite este tipo de humor, vai me corrigindo e acertando ao longo da escrita. Parece que tem vontade própria. Ou que me conhece. Afinal ele guarda tudo que lhe confidenciei, neste curto espaço de tempo em que me confesso com ele.  Tem memória muito boa, basta perguntar que ele me lembrará do estado de espírito com que a primeira parte desta crônica foi escrita.
    Pois que assim seja, papel virtual. E que assim seja, árvore do meu quintal da qual já sei o nome, e que todo ano troca seu guarda roupa e se desnuda para o inverno. Proceda seu ritual, que eu de minha parte assisto o espetáculo, de ancinho na mão a resmungar que o trabalho nem parece que foi feito ainda há pouco.

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