sábado, 22 de setembro de 2012

Comentário sobre os comentários alheios

     O ser humano tem uma necessidade intrínseca à sua própria existência, e que passou desapercebida por muito tempo. Até a chegada da internet e, mais recentemente, das redes sociais. O ser humano precisa se expressar. Dizem que é sábio ouvir mais que falar, mas a maioria fala muito. Me incluo nesse grupo dos faladores. Bom, recentemente entrei pro grupo dos escrevedores, que é justamente pra ver se consigo moderar um pouco essa ânsia de abrir a boca e falar bobagem. Acabo escrevendo bobagens maiores ainda, como essa que aqui vai.
      No entanto o bom escutador, ou leitor no caso, consegue reparar uma coisa interessantíssima que é a falta do que falar. Nas redes sociais os assuntos se repetem numa quantidade absurda, besteirois circulam e dão a volta ao mundo num piscar de olhos. Aliás nem é preciso ser muito reparador pra perceber essas coisas. Exemplos claros, como aquela pessoa que posta uma foto muito bacana, ou nem tanto, de si mesma, aos quais se segue uma série de comentários. O livro-cara mostra apenas os últimos, precedidos da mensagem “exibir todos os 27 comentários.” O que é a curiosidade, aquela coisa maldita que faz girar o mundo e que matou o pobre gato! Verificando-se esses comentários percebe-se que são idênticos! Os tais vinte e sete comentários dizem apenas variações de “linda” e “tá linda”. Quanto muito um “gatona”. Poxa, se é pra escrever alguma coisa, então põe pelo menos um GOSTOSA lá. Variação. É preciso variação e diversidade. Pergunte onde foi a foto, como foi a viagem, se tava frio ou quente, se o povo local é bacana... Dá pra fazer uma enormidade de observações.
      KKKKKKK. Vinte e dois comentários de sequências da letra K, num simulacro de risada. Será que ninguém mais mija nas calças de rir, nem mesmo metaforicamente? Pra que escrever se não tem nada a acrescentar? Está certo, o ser humano tem a necessidade intrínseca de se expressar. Mas porra, será que é tão difícil pensar um pouco antes de escrever alguma coisa, mesmo que seja bobagem? Não sou contra falar ou escrever bobagem, muito pelo contrário, sou um grande falador e escrevedor de bobagens, e olhe que tenho o dom de falar pelos cotovelos. Por vezes chego perto de perder amigos por não perder a piada, que quase sempre é bem desprovida de graça.
      Reconheço que tenho andado meio amargo ultimamente, mas se comecei com meus escritos foi uma forma de descarregar um pouco disso que me incomoda às vezes. Outro dia discorria sobre minhas desvirtudes (ouvi certa vez da querida colega Carina que defeito é coisa de máquina) e essa é mais uma delas. Sou bem ranzinza. Como temo ver piorar isso com o tempo, ao invés de soltar a rabugência nas pessoas próximas, solto sobre os obstinados que, sabe-se lá por que motivo, resolvem ler meus escritos. Creio que não são muitos, nem minha mulher lê o que escrevo. Reclama que eu não escuto-a. Kkkkkk.

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