O ser
humano tem uma necessidade intrínseca à sua própria existência, e
que passou desapercebida por muito tempo. Até a chegada da internet
e, mais recentemente, das redes sociais. O ser humano precisa se
expressar. Dizem que é sábio ouvir mais que falar, mas a maioria
fala muito. Me incluo nesse grupo dos faladores. Bom, recentemente
entrei pro grupo dos escrevedores, que é justamente pra ver se
consigo moderar um pouco essa ânsia de abrir a boca e falar bobagem.
Acabo escrevendo bobagens maiores ainda, como essa que aqui vai.
No
entanto o bom escutador, ou leitor no caso, consegue reparar uma
coisa interessantíssima que é a falta do que falar. Nas redes
sociais os assuntos se repetem numa quantidade absurda, besteirois
circulam e dão a volta ao mundo num piscar de olhos. Aliás nem é
preciso ser muito reparador pra perceber essas coisas. Exemplos
claros, como aquela pessoa que posta uma foto muito bacana, ou nem
tanto, de si mesma, aos quais se segue uma série de comentários. O
livro-cara mostra apenas os últimos, precedidos da mensagem “exibir
todos os 27 comentários.” O que é a curiosidade, aquela coisa
maldita que faz girar o mundo e que matou o pobre gato!
Verificando-se esses comentários percebe-se que são idênticos! Os
tais vinte e sete comentários dizem apenas variações de “linda”
e “tá linda”. Quanto muito um “gatona”. Poxa, se é pra
escrever alguma coisa, então põe pelo menos um GOSTOSA lá.
Variação. É preciso variação e diversidade. Pergunte onde foi a
foto, como foi a viagem, se tava frio ou quente, se o povo local é
bacana... Dá pra fazer uma enormidade de observações.
KKKKKKK.
Vinte e dois comentários de sequências da letra K, num simulacro de
risada. Será que ninguém mais mija nas calças de rir, nem mesmo
metaforicamente? Pra que escrever se não tem nada a acrescentar?
Está certo, o ser humano tem a necessidade intrínseca de se
expressar. Mas porra, será que é tão difícil pensar um pouco
antes de escrever alguma coisa, mesmo que seja bobagem? Não sou
contra falar ou escrever bobagem, muito pelo contrário, sou um
grande falador e escrevedor de bobagens, e olhe que tenho o dom de
falar pelos cotovelos. Por vezes chego perto de perder amigos por não
perder a piada, que quase sempre é bem desprovida de graça.
Reconheço
que tenho andado meio amargo ultimamente, mas se comecei com meus
escritos foi uma forma de descarregar um pouco disso que me incomoda
às vezes. Outro dia discorria sobre minhas desvirtudes (ouvi certa
vez da querida colega Carina que defeito é coisa de máquina) e essa
é mais uma delas. Sou bem ranzinza. Como temo ver piorar isso com o
tempo, ao invés de soltar a rabugência nas pessoas próximas, solto
sobre os obstinados que, sabe-se lá por que motivo, resolvem ler
meus escritos. Creio que não são muitos, nem minha mulher lê o que
escrevo. Reclama que eu não escuto-a. Kkkkkk.
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