quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Máscaras

   Vou dizer aqui umas verdades. Preciso dizê-las. Não para machucar ninguém, a não ser talvez eu mesmo e meu desprezível ego. A grande verdade é que, acredite, eu tenho defeitos. Muitos defeitos. E máscaras para encobrir a maioria. Pretendo despir aqui e agora essas máscaras. A maioria das pessoas gosta ou admira outras pessoas, ou mesmo mantém relações de coleguismo ou conveniência devido às virtudes da outra pessoa. Mas sempre nos esquecemos que somos um poço fervente de problemas mal resolvidos e características pouco louváveis.
    Vivemos os tempos da rede social. Reproduzimos na rede, obviamente de forma ampliada, a nossa rede de relacionamentos reais. A diferença é que, tanto online quanto ao vivo, sempre buscamos nos pintar, nos cobrir de virtudes. Nas redes sociais todo mundo é bonito, politicamente correto, todos gostam de plantas e animais, todos respeitamos ao próximo. Sempre estamos alegres, somos felizes e temos a vida mais invejável do mundo.  Buscamos a melhor foto, do melhor ângulo e com o melhor sorriso para estampar nossos perfis virtuais como buscamos a melhor roupa para ir numa festa.
    Porém todo mundo tem um lado feio. Mesquinho. Aproveitador. Pouco louvável, tenha o nome que for. De minha parte, sou preguiçoso. Busco o caminho mais fácil para a maioria das coisas, principalmente as de longo prazo. Talvez por isso não terminei nenhuma das quatro faculdades que comecei. Procuro não sair muito da minha zona de conforto, evito desafios reais, literalmente fujo de briga. Como já fugia desde pequeno, quando sofria zoação de qualqer tipo que me ofendia. Provavelmente por isso desenvolvi um lado sorridente, piadista e que tira sarro de tudo, inclusive de minhas próprias desgraças. Talvez se tivesse dado uns tabefes no babaca filho da puta que soltava sempre um "puta que pariu, mas que cabeção" quando eu passava vindo da escola, eu tivesse resolvido essas coisas de maneira muito mais definitiva. Muito provavelmente eu teria apanhado feio, mas as coisas seriam com certeza diferentes. Não sei em que sentido, mas seriam.
    Você, que gosta de mim ou me admira por algum motivo, ou simplesmente convive comigo porque não tem outro jeito, saiba que sou um crápula, cafajeste, aproveitador, preguiçoso, acomodado, puxa saco e rabujento. Não espere grande coisa de mim. Deve haver mais qualificações negativas  por aí, não perdi meu tempo analisando todas. Mas afinal quem não é tudo isso que eu acabei de escrever? Quem não tem um pouquinho que seja disso tudo, em maior ou menor grau? A diferença é que todos, sem exceção, costumam ocultar essas verdades. Não pretendo fazer isso mais. Vou manter esse escrito como uma forma de apresentação, mesmo porque não pretendo fazer a análise novamente.
    Aos meus amigos, caso ainda queiram minha amizade, vocês continuam tendo-a. Não mudei nada, a não ser pela máscara retirada. Continuo o mesmo, porém advirto que não esperem por nada muito diferente. Aliás, não espere muito de ninguém. Quem espera pouco se surpreende, quem espera muito se decepciona. E um dia todas as máscaras caem.

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